domingo, 21 de agosto de 2011

A menina da unha vemelho prazeres.


Num banco azul sob uma ligeira garoa, está a menina. Com os olhos fixos nas suas unhas cuidadosamente coloridas de um vermelho prazeres que coincidentemente tem o mesmo tom do  líquido veloz, encarregado de circular em suas veias uma porção de vida.
Neste exato  momento encontra-se perdida nos caminhos tortos do labirinto extenso do seu coração. Traduzindo em som, suor e sensação toda a agitação pulsante dos seus pensamentos.
Se não fosse a luz amarela à sua frente que abriga os insetos desprezados, se não fosse as lascas do derretido gelo empoeirado que insistem em se aproximar e ultrapassar as barreiras das camadas de pano para na pele doce da menina se instalar, talvez, tivesse ela, a austera autonomia pra explodir do peito as metálicas travas tenebrosas que bloqueiam as passagens do seu labirinto.
Esse seria um caminho curto, que a livraria da incubêmcia de encontrar todas as chaves. Mas a garoa persiste e todo o contexto visto por ela, ali encolhidinha no duro e gelado banco azul, também. A menina que busca transbordar leveza percebe então, que o tom de vermelho da sua unha e da sua história está fosco. E um trajeto refeito de dentro pra fora a impulsiona em enfrentar a garoa, se livrar da visão seticida e buscar o elemento libertador, que pode encontrar todas as chaves e pode também bombardear qualquer porta fechada do labirinto. O brilho!

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